11.6.10

pulso


já pensei demais até chegar e escrever. Parece que me enfio nas coxias para depois me apresentar, escrevo as escondidas. ah! coxias, eu disse coxias... que engraçado, o palco está tão longe, as cortinas estao fechadíssimas, tudo para que eu possa falar sem medo: perdi o pulso EU PERDI O PULSO queria ter cortado mas antes eu perdi. O pulso não pulsa mais, e acabei de perceber, percebi também que está tarde, tarde demais e já secou. Demorei para entender que quando o pulso dói, é por que machucou, e tem que gritar, fazer escandalo, chorar na frente de qualquer um, cair e sofrer, ficar a beira de arrancar os pulsos, ficar descabelada e borrar o olho, mas eu não. Fui comportada e fingi tanto que acreditei que nem dor fazia. Segurei a barra sem fazer careta e no fim, era o PULSO.
Parou de bater, parou de pulsar a veia estancou mas a dor as vezes arde, sempre quando derrubo álcool no corte, mesmo fechado dói. Um filme, um livro uma frase bate forte lá e dói.
O Pulso de ser romântica, o pulso de sonhar, o pulso de se apaixonar, o pulso de odiar e brigar, o pulso minha gente. o pulso que pulsa e ainda pulsa mas nao em mim. socorro nao estou sentindo nada. nem nada. nem gelol, nem tylenol. nada.
A afta, a nafta a alfa. Nada. a dor, o dente, o olho, a lente. nada. o que havia estancou na cor bordo, cor do sangue envelhecido. o fim com cor de começo. o fim sem fim, acabei em mim, sem pulso.