1.5.07

Pausa e Suspensao: reações diante do inexorável

Pausa e não suspensão.

Quando passeio entre os eucaliptos enquanto o sol se põe e seguro o ar que me encherá os pulmões, estou em suspensão por algo que irá me acontecer.

E se procuro o melhor lugar do parque para ver o sol se pondo, e quero no último instante mais outra nuance daquela luz agora detrás dos prédios, me apresso para vê-la e ponho-me em suspensão. Sinto esta suspensão que é a promessa da próxima experiência, e do que a anterior não pode ter sido.

Quando páro diante do céu que não trará mais o sol nas futuras horas da noite, sinto os dedos do inexorável sobre mim. Encontro o que é absoluto e maior, a forma justa e inflexível. Esse grau de absoluto através do pôr-do-sol me silencia e agora entro em pausa.

E a pausa não é a suspensão.
Uma das diferenças é que a pausa é sempre única e solitária. É o vento gélido do ar em movimento, um mensageiro do tempo que não perdoa. Da força que não compadece, e que caminha por tudo que existe, no silêncio e invisível.


E a suspensão não é a pausa.
A diferença é que a suspensão existe para a outra metade. É o momento que prepara e aquece a vinda do que é esperado. Aumenta e se infla de outro amparo. É a absorção do alimento antes de virar energia e por isso contrai, se retem no indizível.

2 Comments:

At 8:36 PM, Anonymous Anônimo said...

As
asas caídas pausam,
as
asas caídas pausam,
pausam
para a res...

 
At 2:49 PM, Blogger Ju said...

pausa;
respira
poesia.

 

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