29.12.06

Fatias

Fatia 1 - Orelhas: mesmo que sirva de fio dental, o cabelo não me serviria, enroscaria, quebraria dentro da minha boca e eu teria asco de pensar nas caspas, lendias e óleo. O nariz é uma bisnaga surpresa, que além do barulho de algo líquido esprimido é ninho de cravos e espinhas. O tempero desses ácaros com essas acnes não morreria nem com a mais poderosa pasta de dente. O queixo é anatomicamente um fugitivo em potencial. Nem pensar em cílios, bochechas, sobrancelhas sobra então... as orelhas.

Fatia 2 - Quills: há muito tempo um bando de freiras, enclausuradas, nos tempos que o ouro e a prata eram as riquezas mais preciosas, filipetas de papéis cuja especiaria era nobre porém nem tanto, reuniriam o trabalho de mão e instrospecção em arte. Minha mãe enclausurada, feito uma freira, e com papéis por todos os cantos, que também é nobre para a situação precária que se encontra, criou seus quillings, seu trabalho e sua vontade de cura.


Fatia 3 - aniquilada.

Fatia 4: Hoje em dia a noiva manda carta dizendo "... traga na letra como está seu braço, seu trabalho, se já conhece o curso de Midiologia da Unicamp, se continua sonhando com dentes e se despeça com breve tchau"

24.12.06

Sereia - Alada

Como se sabe, a lagarta, envolta pela crisálida, comela por destruir seu organismo de larva, à exceção de seu sistema nervoso. esse trabalho de autodestruição é, ao mesmo tempo um trabalho de autocriação de onde emerge um novo ser, outro, e entretanto, com a mesma identidade. Ao final da metamorfose aparece a borboleta, de início paralizada,
entorpedica... até que subitamente ela estende as asas e alça vôo.

Edgar Morin. p.8

Palíndromos

"Palíndromo é uma arte neurótica e maravilhosa, capaz de envergonhar qualquer concretista" Millor Fernandes.
Sator Arepo Tenet Opera Rotas [o semeador Arepo mantém o curso com atenção]
Pedro Nava, Nalba Tahan, Afonso Arinos de Mello Franco, Eno Teodoro Wanke, Millor Fernandes, Cartunista Laerte, Sofia Mariutti, Chico Mattoso, Paulo Werneck, Pedro Mindlin, Marina Wisnik, Rõmulo Marinho, Napoleão Mendes de Almeida www.larc.usp.br/~pmindlin/palindromo.html
... Na verdade eu não falava, ou melhor, as frases não importavam, eu estava fazendo uma leitura de seus olhos, queria deixa-lo distraído para verificar quem era ele, eu estava movendo as pedras de um jogo de reconhecimento. ambos sabíamos dessas leituras que os seres fazem entre si, as leituras e subleituras e as leituras profundas e, ríamos secretamente, feito aquele mar diante de nós, rindo em todas as superfícies e abismos. ana miranda "as eleições mais profundas: o anjo renascentista" Rev. Piauí

_Ofélia, se levanta!

_Ofelia! Cadê seu bloco. você tinha tantas coisas pra dizer, dizer que pensava, dizer o que falaram, dizer pra lembrar...
Agora a Ofélia, filha de Gertrudes ou
de ninguém, sozinha e com vontade de servir nas forças da ONU ... sem sal. Estamos sem sal. O que comeremos no Natal? Que ceia terei na manjedoura? Estou na manjedoura, onde tudo começou.
_Ofélia, Se levanta!