27.10.06

madrugada

passarinho cantando na janela...
as quatro da manhã...
é na verdade...
um galo com ejaculação precoce.

6.10.06

A mãe da Ofélia é Gertrudes

Gertrudes é a mulher que preferiu não ser rainha. Se ela fosse um homem em WallStreet seria o Sr. Bartleby de Melville. _ Prefiro não reinar, prefiro não pensar, prefiro não agir.
Essa imutabilidade da rainha, quebrou a família.

Será que suas escolhas e passividade vieram de uma profunda sabedoria ancestral? Que 'naquela época' se esperava submissão e obediência ao pai, ao esposo, sem lugar para si?
Nelson Rodrigues: "... nenhuma mulher cabe numa esposa."

Mas as mães, ah! só pode a mulher. E rainha tambén. Estas são, aliás, as reais medidas da função de uma mulher.
Gertrudes é calada, se casa com um canalha, é mãe da Dinamarca e mascara a morte de sua filha, Ofélia, dizendo que ela - frágil, pura e apaixonada - caiu do galho e num acidente - (puf!) morreu. Até na morte a tiram a vida. Por sua vez, Gertrudes agora sem mãe, poderia sentir-se rainha. Nada mais a faria uma filha. E a filha de Gertrudes, a rainha sem verbo, deixa lhe o trono, Ofélia, entre sucatas como souvenirs.
_ Gertrudes, você está em algum lugar, mas não aí! _ Ofélia, você não enxerga sua mãe, porque ela não age!

E assim, tu perrmite até hoje, que lhe caguem na cabeça, que Hamlet quebre suas juras e que seu pai a largue quando quiser.
Ofélia foi ineficiente, pacífica, sonhadora, perdida, romântica, sensível e não soube mais pra onde andar depois que lhe tiraram os tapetes que indicavam o caminho.
Antes disso, puxaram e puxaram várias vezes, mas mantinha a pose sem amassar o vestido. Sabia se portar, estudou para isso.
Agora está muda.
Ela sabe, (-e esta é a sua doença: saber!-) que é fraca para agir. E contempla todas as dinâmicas.
_Tem sorte porque tem teto?

_ A custa de que chão?
_ Por onde você anda, Ofélia?

Sua mãe a abandonou assim como abandonou a si mesma. Você obedeceu a todas as regras, mas isso é errado. Se a loucura lhe trará as palavras do que sente, com elas também chegará seu fim, pois esperar é padecer.

Ele acabou de aparecer apressado na minha sala. Procurou por alguma coisa, mas evidentemente não tinha nada álém das mobílias. Tão logo me vê, seu peito infla e sai apressado agitando a cortina.

5.10.06

PÊRAS : Marina Abramovic e Lygia Clarck

more than enought
"jamais o artista esteve tão pouco alienado a realidade como agora. Ao contrário, ele está absolutamente integrado na vida, muito bem assentado numa confortável cadeira, (...) privilegiada,
(...) e perceber que para outros o mundo ainda não cavou seu lugar." L.C.

art is about life and death

Respondendo à San uma pergunta que ninguém ainda tinha feito, disse que o que aprendi para não sucumbir (ao barato, ao imediato, a esmola, ao medíocre) é a AÇÃO, FÉ e COMIDA!

O momento é agora. Falar de artivismo - ainda mais contra a globalização é viciar-se numa luta inconsequente, sem inimigo dirigido e ingênua em relação ao poder. É chamuscar o compromisso da arte e a mídia dirigida ao 'nobre artista' por uma causa que não é de espírito artístico e sim, a roupagem de uma política nova que na verdade, sempre esteve presente no fazer artístico.

"O importante é a não programação, pois o realizar-se e a consciência do mesmo virá a medida que a ação se revela." L.C.

public is like dog

Então, a vida vibra mais perto. Escolher o monstro do imperialismo para discutir é fazer-lhe cosquinhas, enrolar o tempo e empacotá-lo para gerações futuras.

without public you do´t confront yourself

A ação é agora. O pensar é também ação, e tanto é que lhe ocupa o corpo e a energia.
Rasgar papel e comunicar-se é a manutenção do NÃO DEIXAR DE...(agir).
"No deserto pude perceber o mínimo. Tudo começa a partir de dentro, o corpo é o universo." M.A.

Potency of eros equals us with god

Perceber e sentir os fluxos de energia é pegar carona pra ir mais longe e mais rápido, e não investigar os destroços e as ruínas, (sem ignorar a memória!).
A resposta da matéria, as respostas e as escolhas.
O frio na barriga da responsabilidade.
A angústia e apreensão de ter-se só pelo infinito conhecido.

body is the place where happens

"O que é invisível, se torna espiritual e become visible!" M.A.

The public started to get more and more violent and agressive

"Para subir as escadas, pode-se dependendo do estado que se propõe." M.A

2.10.06

Possível título: "Sou prolixa, eu sei!"

1) Corpos desenhados.
2) Personagem Ofélia imóvel.
3) Atriz/mulher costurada
4) União do casal pelo fio de seda vermelho na boca
5) Tudo por um fio.
6) Pálpebra, Par, Panfletária, TetraPillow
7) Instalação literária
8) A dramaturgia A Ponte
Falo de mim ao mesmo tempo que quero outros personagens. Quero vivê-los com competência. Quero lhe dar toda a emoção de uma vida, dessa sede que sinto mas (sinto) nem tanto. Essa angústia, essa ânsia insaciável. Viver no desespero da capacidade da morte. A potência de chegar aonde quiser, como quiser, mas (chegar) nem tanto.
Os códigos reincidentes são as interrupções. A frustração de coitos interrompidos, o silêncio lascivo e solitário, o valor da dúvida, a masturbação do tempo, a menstruação verborrágica, mas (verdade) nem tanto.
1) Manutenção do que disse
2) Coerência do atos
3) Compromisso quando ausente
4) Complacência com a ignorância
5) Cúmplice do anonimato
Meu corpo sem órgãos vem me salvar, mas a minha cabeça acéfala não se lembra. Minha dislexia brinca sem pressa, minhas patologias viram peças.
E nem tanto assim, porque sei.
Sei, posto que a superfície reflete. A calmaria das águas mostra o caos as suas margens, e me interesso em assisti-las, mas a fuga, a saída e o caminho é mergulhá-la.

Anatomia-afetiva

cartograma#2
De agora em diante,
para toda janela que abrires,
sol e gota, razão de arco-íris.
posted by Stéfanis at
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** Stéfanis Silveira Caiaffo. Resistência e Militância: Cartografias da Contemporaneidade.

Fronteiras

Fronteiras do corpo, do observado e de quem as percebe

Desenho de nanquim sobre papel de homem-palito na série homônima ao material Nanquim, (04/06) e de corpos-relevos na série Amparo (04/05) . São trabalhos que se importam com a percepção do olhar, com a relação observador e observado.
O enfoque dessas séries: Vista de Cima, Nanquim e Amparo residem na dimensão e território limítrofe do corpo do ser humano.

Série Nanquim: As vezes anônimo de gênero, e perspicaz em reconhecer-se desenhado, dialogando com o observador a própria existência em nanquim, ‘incomodando’ o espaço como interferências em rachaduras e marcas já existente no suporte desenhado.

Série Amparo: Ou não anônimo de gênero como em Amparo que se reconhece feminino, masculino, criança, velho, obeso e outros pelo contorno do corpo. A linha desenhada, aproveita as curvas e depressões desse relevo acidental do corpo para encaixar e se encontrar noutro corpo, dando ao nome da série Amparo, também feito com nanquim sobre o papel.

Série Vista de Cima: A observação sobre o desenho é personificada em Vista de Cima, onde o desenho já adianta o ângulo de percepção do observador fazendo todos vistos de cima. Pessoas em micro relações, como atravessando a faixa de pedestre estão desenhadas, em nanquins,vitalizados através de lhes ser dotados a opção de não se expor, posto que o corpo no desenho não possa esconder-se diante do público espectador.